segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Texto 3 sobre a era digital

A era da liquidez
            Com a chegada das novas tecnologias, o estado da sociedade moderna passa a ser caracterizado como líquido na linguagem, nas relações, no consumo, dente outras coisas. Zigmund Bauman, autor polonês utilizado por Santaella (2007) no livro Linguagens Líquidas na era da mobilidade, define os líquidos como fluidos. Para o autor
“os líquidos se movem facilmente. Eles fluem, escorrem, esvaem-se, respingam, transbordam, vazam, inundam, borrifam, pingam, são filtrados, destilados; diferentemente dos sólidos, não são facilmente contidos – contornam certos obstáculos, dissolvem outros e invadem ou inundam seu caminho. [...] A extraordinária mobilidade dos fluidos é o que se associa a idéia de leveza (Bauman, 2001, p. 8, in Santaella, 2007, p. 14).
            Para Santaella, “os líquidos são uma variedade de fluidos [...] Não fixam o espaço e não prendem o tempo. Não se atêm a nenhuma forma e estão constantemente prontos e propensos a mudá-la, em um espaço que, afinal, preenchem tão só por um momento” (Santaella 2007, p.14). Vamos falar primeiro dos conceitos de modernidade sólida e pesada de Bauman, para depois definirmos modernidade líquida e a liquidez da linguagem e de outras práticas da sociedade, neste caso, chamada de pós-moderna.
            Segundo Bauman (2001), em seu livro Modenidade Líquida, a modernidade pesada faz parte da era do hardware, uma modernidade obcecada pelo volume, “uma modernidade do tipo “quanto maior, melhor”, “tamanho é poder, volume é sucesso”. Essa foi a era do hardware, a época das máquinas pesadas [...] A conquista do espaço era o objetivo supremo” (Bauman, 2001, p.132). O autor coloca que “a modernidade pesada foi a era da conquista territorial”. Neste caso, a modernidade tende a ser lenta, pois depende do tamanho e qualidade do hardware, e o progresso estava diretamente ligado a expansão espacial.
            Quando passamos a modernidade leve, característica da era dos softwares – vale destacar a definição pura de hard /duro e soft / leve, ambas no sentido literal – o que antes tornava o emprego preso ao solo, acorrentando o capital, agora pode ser solto e flutuar de acordo com o fluxo.
“A mudança em questão é a nova irrelevância do espaço, disfarçada de aniquilação do tempo. No universo de software da viagem à velocidade da luz, o espaço pode ser atravessado, literalmente, em “tempo nenhum”; cancela-se a diferença entre “longe” e “aqui”. O espaço não impõe mais limites à ação e seus efeitos, e conta pouco, ou nem conta. Perdeu seu “valor estratégico”, diriam os especialistas militares (Bauman, 2001, p. 136).
            Na era do software, o que é preciso é que o tempo tenha eficácia, pois podemos estar em qualquer lugar a qualquer hora. Bauman, um pouco diferente de Santaella, analisa as conseqüências da pós-modernidade de maneira mais equilibrada, pontuando positivos e negativos continuamente, e caracteriza o tempo instantâneo como realização imediata, mas que corre riscos de exaustão e desaparecimento do interesse. A idéia de aprisionamento no espaço dos indivíduos da modernidade pesada, onde os que mandavam e os que obedeciam estavam preços, agora dá espaço para um desses indivíduos sair da “gaiola”. Agora os que mandam saem da gaiola.
            Não só os indivíduos passam a não ser presos ao espaço, como o capital, que pode viajar e ir onde quiser. Tamanho e volume passam a ser risco. Mas Bauman define o lado negativo de tanta instantaneidade. Hoje o capital pode abrigar-se em diversos lugares, tem maior possibilidade de permutação, mas também adquire facilidade de lavar as mãos de consequências devastadoras de sucessivas rodadas de redução de tamanho. E não só o capital sofre consequências negativas, mas os trabalhadores também, com a necessidade de redução dos setores e, seguido a isso, redução da quantidade de pessoas. O emprego também, que não se aprisiona ao espaço mais, também tende a ser fluido, os encontros de negócios mais rápidos e instantâneos, o que não permite um contato maior entre os indivíduos.
            Outro fator que é alterado na era digital, era da mobilidade, como queiramos chamar, é o que chamamos de relacionamento e o sentimento do amor. Para Bauman, no livro Amor Líquido, “Numa época em que o “longo prazo” é cada vez mais curto, ainda assim a velocidade de maturação do desejo resiste de modo obstinado à aceleração. O tempo necessário para o investimento no cultivo do desejo dar lucros para cada vez mais longo – irritante e insustentavelmente longos” (Bauman, 2004, p. 26). A idéia do amor na atual era do amor líquido se confunde com o desejo. Bauman coloca o amor como algo que exige luta, paciência e atitudes constantes e que hoje é substituído pelas relações de bolso, que você pode lançar mão quando for preciso. Bauman, neste livro, demonstra que o amor duradouro não é uma característica da era da mobilidade, e como o amor dá trabalho, é mais fácil se deixar aberto a novas possibilidades.
            A duração na era da mobilidade, segundo Bauman, deixa de ser um recurso e passa a ser um risco, ela e tudo que impede ou restringe o movimento. “O advento da instantaneidade conduz a cultura e a ética humanas a um território não-mapeado e inexplorado, onde a maioria dos hábitos aprendidos para lidar com os afazeres da vida, perdeu sua utilidade” (Bauman, 2001, p. 149). Mas Bauman afirma que, assim como antes, “a memória do passado e a confiança no futuro foram dois pilares em que se apoiavam as pontes culturais e morais entre a transitoriedade e a durabilidade [...] (Bauman, 20014, p. 149). Ou seja, embora a liquidez traga consequências preocupantes se tratando da superficialidade, é importante que os indivíduos pós-humanos considerem o que já foi vivido, e assim será possível que a sociedade se equilibre na era da mobilidade e em qualquer outra era posterior.
            Santaella define essa sociedade moderna como incapaz de manter as formas. Na sociedade moderna, existia a tentativa mudar os conceitos de cultura e sociedade, recolocando os conceitos em outras definições, mas a idéia era justamente fixar esses conceitos de modernidade e torná-los tradição e padrão. Bem diferente da pós-modernidade, onde os conceitos não se fixam, eles simplesmente são transformados de acordo com a fluidez da sociedade. O mundo do pós-humano caracteriza-se justamente pela fuga das moradas, dos territórios, das linhas e dos espaços, dos corpos, dos afetos e das intensidades.
“De resto, a instabilidade tende a crescer quando aqueles que estão estudando a cultura da mobilidade, fruto das mídias de comunicação sem fio, móveis, hoje, falam em presença mediada, telepresença, presença ausente, distância virtual, ubiquidade, todas elas expressões que colocam em questão antigas certezas sobre a nossa corporeidade” (Santaella, 2007, p. 18).
            Santaella cita um autor chamado Peter Sloterdijk (2004) e sua obra Espumas. Ele define as manifestações contemporâneas da globalização como míopes, deixando de ver que a globalização já começou com os gregos, na geometrização do céu e na representação do universo por meio da imagem da esfera. O autor explica que a sociedade – para o autor uma palavra gasta, e os conceitos e as lógicas tradicionais, são desenvolvidos para um mundo de substâncias pesadas e sólidas e, por isso, incapazes de expressar as experiências em um mundo de leveza e relações, em um mundo de mobilidade e desprendimento das cargas. A era da mobilidade redefine, mesmo que redefina qualquer conceito com facilidade, linguagem, práticas culturais e sociedade.
            A linguagem líquida, para Santaella, são invisíveis no ciberespaço e todos os tipos de linguagem entram na dança da instabilidade. Segundo a autora, “texto imagem e som já não são o que costumavam ser. Deslizam uns para os outros, sobrepõem-se, complementam-se, confraternizam-se, unem-se, separam-se e entrecruzam-se” (2001, p. 24). Ela diz que nessa era de comunicação móvel, todos testemunhamos o desaparecimento progressivo dos obstáculos materiais que até agora bloqueavam os fluxos dos signos e das trocas de informação.
            Percebe-se que alguns autores citados por Santaella tratam a idéia de troca de experiências não como algo recente, e sim como algo que acontece desde as expansões. A única diferença é que a facilidade de acesso a outros espaços facilita todo esse processo de mobilidade e que hoje, o espaço não pertence a um lugar, e sim a um não lugar, o ciberespaço. Hoje a comunicação está cada vez menos confinada a lugares fixos, e novos modelos de telecomunicação têm produzido transmutações na estrutura da nossa concepção cotidiana do tempo, do espaço, dos modos de viver, aprender, agir, engajar-se, sentir, reviravoltas na nossa afetividade, sensualidade, nas crenças que acalentamos e nas emoções que nos assomam.
            Todos esses processos são conseqüências das novas tecnologias, que grudam a pele e trazem o conceito de pós-humano. A invasão dos corpos – por implantes, cirurgias plásticas, alterações genéticas – e da mente – interfaces, inteligência artificial, neuroquímica – é característica do movimento dos ciberpunks – um tipo de ficção que surgiu em meados dos anos 90, quando a internet estava surgindo e a simbiose entre os seres humanos e as máquinas apenas se insinuava; fascinados pelas interzonas. “As tecnologias ciberpunk são flexíveis, plásticas, comuns, sempre alojadas com segurança no corpo humano [...] Essa biologização da tecnologia permite aos ciberpunks conceber as tecnologias da comunicação [...] como componentes fundamentais da biosfera (Santaella, 2007, p. 36).
            Acredito que a definição do pós-humano, para Santaella, consista justamente na extensão do corpo humano a partir das tecnologias. E reivindicar a existência de corpos pós-humanos significa deslocar, tirar do lugar, as velhas identidades e orientações hierárquicas, patriarcais, centradas em valores masculinos, por isso o interesse das feministas nas tecnologias políticas do corpo, segundo Santaella. Ela diz que o termo pós-humano vai além da mera caracterização dos corpos, e que corpos pós-humanos assim o são chamados pela falha necessária e lastimável de se imaginar o que vem a seguir.
            Ela coloca, finalmente que “pós-humano é justamente o cruzamento da descoberta freudiana, no universo humano, com o seu lado do avesso que se encontra nessas descobertas nas ciências naturais. Do mesmo modo que o humano não é só humano – ele também tem algo de inumano –, aquilo que chamamos de “inorgânico” tem algo similar ao humano. A tendência para a ordem, a tendência regenerativa, a tendência para a vida, que pensávamos ser um privilégio biológico, também existe na natureza física” (Santaella, 2007, p. 54). E como última definição para o pós-humano, Santaella o coloca como uma realidade híbrida não apenas do humano com as tecnologias, mas também do humano com o inorgânico da natureza, e conclui que esse conceito trata de um ser miscigenado e hipercomplexo que está emergindo.

Texto 2 sobre a era digital

Leitores do ciberespaço
            Depois de passarmos historicamente das eras oral e escrita, bem definidas por Santaella, apesar de coexistirem com a era digital e que não necessariamente foram deixadas para trás, a nova era, atualmente predominante, chamada de digital define diversos tipos de conteúdos e permite existir diversos tipos de leitores, neste caso, os internautas. Assim, é importante destacar e classificar esses tipos de leitores e o espaço que eles “frequentam”. Existem muitos conceitos a serem discutidos, mas vamos nos dedicar ao conceito de ciberespaço, de leitor contemplativo, movente e imersivo.
No seu nível mais sofisticado, “o ciberespaço equivale a RV, um sistema que fornece um sentido realista de imersão em um ambiente. Trata-se de uma experiência multimídia visual, audível e tátil gerada computacionalmente” (Santaella, 2003, pg.100). Isso significa que o ciberespaço consiste em um lugar qualquer que represente um espaço, onde é criada uma realidade, um ambiente urbano simulado e novas formas de socialização entre os indivíduos. “Por ser ajustar a nossa mente, essa tecnologia é a mais difícil de ser pensada. Nenhuma tecnologia anterior havia penetrado em nós com tanta intimidade” (Santaella, 2003, pg. 101). Santaella afirma que as tecnologias penetraram o ser humano com tanta intimidade porque hoje, os produtos são destinados a grupos, comunidades, e são totalmente voltados para o indivíduo e seus desejos. O ciberespaço se apropria de todos os tipos de linguagem, o indivíduo apenas escolhe o que quer acessar, e talvez essa ligação muito forte entre indivíduo e espaço virtual se deva a essa facilidade de acesso a tudo que se queira pela internet.
Vamos tratar rapidamente dos três tipos de leitores. O contemplativo, como o nome já diz, é aquele leitor que reflete em cima do que lê e medita, onde a comunicação está restrita ao leitor e o livro, uma comunicação silenciosa. O leitor movente ou fragmentado surge em meados do século XX e é resultado da revolução industrial. Este tipo de leitor está diretamente ligado a lógica do consumo, graças a velocidade da reprodução e substituição de mercadorias. Ele é marcado pela instabilidade e pela efemeridade, e também pelos ajustes a novos ritmos de atenção, e claramente foram as mudanças ocorridas neste tipo de leitor que deram origem ao leitor imersivo, virtual. Este último é o leitor que interage com a leitura de textos, “leitura” de imagens e vídeos e músicas. “Ele navega numa tela, programando leituras, num universo de signos evanescentes e eternamente disponíveis, contanto que não se perca a rota que leva a eles” (Santaella, 2004. Pg. 33).
Vivemos na era digital, onde os indivíduos colaboram com conteúdos na internet diariamente. Exemplos disso encontramos no twitter, rede social em que as pessoas postam o que desejam em 140 caracteres. Nesta rede, a interatividade – oferta de escolha pelo acesso não linear ao conteúdo, junto com a possibilidade para o usuário acrescentar ou escrever no texto híbrido – é contínua e um exemplo dentro dessa ferramenta é o twitter do Belém Transito. De qualquer lugar do planeta, é possível falar de algo que está acontecendo para pessoas que estão distantes fisicamente, e o próprio usuário da rede pode verificar e legitimar essa informação, se estiver conectado.
A interatividade está ligada a ação. Santaella, a partir de um autor citado no texto – Kretz – cita seis graus de interatividade: a) interatividade zero nos romances, discos, cassetes, que são acompanhados linearmente, do começo ao fim; b) interatividade linear, quando os romances, discos e cassetes são folheados e saltados em avanços e recursos; c) interatividade arborescente, quando a seleção se faz pela escolha em um menu: videotexto arborescente, jornais ou revistas; d) interatividade lingüística, que utiliza acesso por palavras-chave, formulários, etc.; e) interatividade de criação, que permite ao usuário compor uma mensagem por correspondência; f) interatividade de comando contínuo, que permite a modificação, o deslocamento de objetos sonoros ou visuais mediante a manipulação do usuário como nos videogames.
Além desses graus de interatividade, outro autor é citado no texto de Santaella – Holtz-Bonneau (1985: 133-141) – distingue três modalidades de interatividade: a) de seleção, baseada na seleção de conteúdos, que consiste, por exemplo, em tocar nas teclas de um videocassete para fazer avançar as imagens; b) de conteúdo, que oferece ao usuário a ocasião para modificações simuladas do conteúdo de imagens ou mesmo para a criação de imagens; c) interações mistas, quando há facilidade de acesso, de consulta, seja no videotexto, seja no CD-Rom acoplado ao computador. Depois de falar de diversos graus de interatividade, vamos falar desse processo nas ações comunicativas.
Para que uma transmissão aconteça, é necessário que fonte e emissor sejam pontos de partida da mensagem, um canal para que a mensagem possa passar, entre outros elementos. Hoje, é possível que essa comunicação interativa seja feita por computador, o que muda as noções tradicionais de interatividade. Uma das maneiras mais simples de se utilizar o computador para interagir é o CD-Rom educativo. Segundo Santaella, a finalidade desses programas é levar o usuário por determinados passos realizáveis até atingir certas metas previstas. Mas a interatividade, neste caso, fica nos limites estabelecidos pelo programa. Hoje já se fala, de acordo com outro autor citado por Santaella, em “segunda interatividade”, para as situações em que as máquinas são capazes de oferecer respostas similares ao comportamento dos seres vivos. Para Santaella, o conceito bakhtiniano e também o peirceano, podem trazer uma contribuição importante para isso. Para ambos, a linguagem é sobretudo social e gera sempre uma mensagem em retorno, uma pergunta, ou uma resposta.
Acredito que a maior questão a ser discutida é a fase de adaptação do ser humano a era digital. Vemos que, embora Santaella levante questões e tenha como principal objetivo debater e elucidar os leitores sobre os processos da era digital, a autora tem uma visão mais otimista que pessimista do assunto. Mas é bastante pertinente quando diz que existe um lado negativo, que é quando pode ocorrer o isolamento do indivíduo, já que ele não precisar estar fisicamente presente em uma comunidade graças as comunidades virtuais. Como em todo processo que a humanidade atravessa, é preciso, acima de tudo, levantar questões e definir conceitos, o que a autora faz muito bem.

Texto 1 sobre a era digital

Cultura de massas, Cultura das mídias, Cultura digital

            É difícil falar de mídias digitais sem falar de alguns estudiosos do assunto. Comecei a estudar o assunto não faz muito tempo, e percebe-se claramente que Lúcia Santaella é uma das autoras que busca incessantemente explicar esse processo formado por diversos conceitos “digitais”. Autora de diversos livros – o que vamos tratar aqui é “Culturas e artes do pós-humano: da cultura das mídias a cibercultura” – que tratam a nova era digital, ela busca estabelecer conceitos e levantar questões importantes para o entendimento e aceitamento da era do acesso. Neste primeiro resumo vamos tratar de conceitos como cultura de massas, cultura das mídias e cultura digital, intrinsecamente ligadas e dependentes das consequências sequenciais de cada uma dessas culturas, mas claramente diferentes em aspectos conceituais.
            Santaella define cultura de massas como a cultura que absorve as formas de cultura erudita e culta, mas também a popular. “Ao absorver e digerir, dentro de si, essas duas formas de cultura, a cultura de massas tende a dissolver a polaridade entre o popular e o erudito, anulando fronteiras. Disso resultam cruzamentos culturais em que o tradicional e o moderno, o artesanal e o industrial mesclam-se em tecidos híbridos e voláteis próprios das culturas urbanas” (Santaella, 2003, pg. 52). Sequencialmente à cultura de massas surge o que Santaella em 1992 chama de cultura das mídias.
            O termo cultura das mídias “procurava dar conta de fenômenos emergentes e novos na dinâmica cultural” e também “inaugurava uma dinâmica que, tecendo-se e se alastrando nas relações das mídias entre si, começava a possibilitar aos seus consumidores a escolha entre produtos simbólicos alternativos” (Santaella, 2003, pg. 53). Conclui-se que a principal diferença entre a cultura de massas e a cultura das mídias é expressivamente definida quando Santaella diz que “Essas tecnologias, equipamentos e linguagens criadas para circularem neles têm como principal característica propiciar a escolha e consumo individualizados, em oposição ao consumo massivo. São esses processos comunicativos que considero como constitutivos de uma cultura das mídias” (Santaella, 2003, pg. 16). Ou seja, a idéia da cultura das mídias é sair da inércia da recepção de mensagens, característica da cultura de massas.
            Vamos definir a cultura digital ou cibercultura como uma cultura onde as mídias se convergem, é na cultura digital que se torna possível acessar várias mídias de uma vez só. No mesmo livro de Santaella citado diversas vezes acima, ela afirma que “é a convergência das mídias, na coexistência com a cultura de massas e a cultura das mídias, essas últimas ainda em plena atividade, que tem sido responsável pelo nível de exacerbação que a produção e circulação da informação atingiu nos nossos dias e que é uma das marcas da cultura digital” (pg.17). Vale ressaltar características importantes da era digital como o capitalismo – principal causador de tanta produção e produtos, e a globalização – marcada pelas poderosas tecnologias comunicacionais.
             Para Santaella (2003), “a cultura midiática é responsável pela ampliação dos mercados culturais e pela expansão e criação de novos hábitos no consumo de cultura”. A cultura chamada de midiática é marcada pelas instabilidades, deslizamentos e reorganizações constantes dos cenários culturais pós-modernos, que desde meados dos anos 90, passaram a conviver com uma revolução da informação e da comunicação, chamada de revolução digital. Vamos definir mídias segundo Santaella:
“No sentido mais estrito, mídia se refere especificamente aos meios de comunicação de massa, especialmente aos meios de transmissão de notícias e informação, tais como jornal, rádio, revista e televisão. Seu sentido pode se ampliar ao se referir a qualquer meio de comunicação de massas, não apenas aos que transmitem notícias. Assim, podemos falar em mídia para nos referirmos a uma novela de televisão ou a qualquer outro de seus programas, não apenas aos informativos. Também podemos chamar de mídias todos os meios que a publicidade serve, desde outdours até as mensagens publicitárias veiculadas por jornal, rádio e TV. Em todos esses sentidos, a palavra “mídia” está se referindo aos meios de comunicação de massa. Entretanto, o surgimento da comunicação teleinformática veio trazer consigo a ampliação do poder de referência do termo “mídias”, que, desde então, passou a se referir a quaisquer meios de comunicação, incluindo aparelhos, dispositivos ou mesmo programas auxiliares da comunicação (Santaella, 2003, p. 62).
            Hoje estamos vivendo uma virada nas formas de produção, distribuição e comunicação mediadas por computador. A chegada da internet e de todas as tecnologias aliadas a computadores, hardwares e softwares trouxeram mudanças significativas para a sociedade. Hoje, a cultura é desterritorializada e fluida, assim como todo e qualquer tipo de relação, de trabalho, afetivas e midiáticas. Vale ressaltar que a autora coloca a posição que vem defendendo de que “Embora a mistura e a fluidez estejam, de fato, no espírito do nosso tempo, nem por isso se justifica que nosso discurso se entregue resignadamente a uma dispersão quase delirante a la Baudrillard.
            Santaella define que a cultura das mídias não se caracteriza como mídia massiva, pois rompe com os traços fundamentais da cultura de massas, se tratando da uniformidade da mensagem emitida e recebida. A multiplicação de possibilidades de mídias e de suas mensagens e fontes foi dando margem ao surgimento de receptores mais seletivos, individualizados, o que prepara o terreno para a emergência da cultura digital, na medida em que esta exige receptores atuantes, caçadores em busca de presas informacionais de sua própria escolha. Recentemente, passou a circular no Brasil, um conceito que traz bem essa participação do indivíduo colaborativo com as mídias, o crowdsourcing. Se trata de um modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimentos coletivos e voluntários espalhados pela internet para resolver problemas, criar conteúdos ou desenvolver tecnologias. Um belo exemplo desse modelo, onde a maioria de nós navega diariamente, é o Firefox. Ao invés de surgir uma atualização anual do dispositivo de navegação pela internet, voluntários enviam atualizações do programa que são avaliadas e colocadas em prática automaticamente. Ou seja, a fluidez das informações também neste caso contribui para a melhoria gratuita de dispositivos utilizados por nós, usuários, diariamente.
            É importante ressaltar que todo e qualquer tipo de mudança tecnológica traz consigo diversas mudanças no cotidiano das relações. Santaella coloca que “embora a internet esteja revolucionando o modo como levamos nossas vidas, trata-se de uma revolução em que nada modifica a identidade e natureza do montante cada vez mais exclusivos e minoritário daqueles que detém as riquezas e continuam no poder” (Santaella, 2003, p. 75). Outros autores também colocam essa situação. Quem está no poder, continua exercendo o poder, e de maneira mais absoluta.
            Todas as eras são pré-requisitos para as eras posteriores. Santaella coloca que o contexto mais próximo da cibercultura situa-se a partir da cultura de massas. Mas precisamos deixar claro aqui, que tanto para Santaella, quanto para a autora deste resumo, nenhuma nova mídia anula a que a antecede, apesar de Santaella levantar isso como questionamento. Mas as culturas vão se transformando, se adequando e se adaptando às novas mudanças e se reescrevem. Termino este resumo colocando que a cibercultura é como um novo processo de adaptação do ser humano às tecnologias, e que por enquanto, permanece sem claras definições, mas que por ter como característica a fluidez e rapidez de circulação de produtos e como mercadoria principal a informação, ainda fica difícil acompanhar essas mudanças e repaginamentos da cultura.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Conferência VIVO

Voltando ao Blog. Eu acho que ou é com essa matéria que eu aprendo a gostar de falar minhas opiniões na internet, ou odeio de vez. Vamos lá.

O dia da palestra na sala de conferências da Vivo foi mais um dia produtivo sobre internet. Foram falados diversos conceitos sobre conectividade e simultaneidade. Não faz muito tempo que parecia impossível estar em contato com pessoas de vários lugares ao mesmo tempo, ouvindo o que essas pessoas têm a dizer e até mesmo vendo essas pessoas falarem, seja pela TV, seja pelo computador, enfim. Bem, isso foi chamado de: o uso da tecnologia para potencializar a ação de rede – leia-se, nesse caso, pessoas. Essa potencialização é uma grande contribuição para os debates e discussões a respeito de temas culturais e sociais como educação – assunto discutido na conferência, pois permite que diversos estudiosos e interessados no assunto proponham mais discussões e movimentações de pessoas, e isso possibilita maior envolvimento. A vantagem disso é a rapidez como todos podem ter acesso, o que podemos chamar de conectividade, simultaneidade. Vimos também o quanto é cada vez mais comum empresas privadas tomarem esse tipo de iniciativa e que muitas vezes, a quantidade de redes privadas envolvidas é maior do que as redes públicas. Ainda não consigo estar tão interativa com a internet e essa conectividade, mas concordo com uma das frases ditas por um dos palestrantes: “Você pode mudar o mundo de casa, hoje. Conectividade é isso”. Outro falou: “É o uso da ciência como consciência, é o uso da comunicação como consciência”. Aí os jornalistas ultra-mega-hiper atualizados entram, no uso dessas novas tecnologias vindas do avanço científico, com um propósito, o de tentar tornar as pessoas conscientes. Como tudo tem contras, é claro que tem pessoas que usam essas novas tecnologias para, bem, é, nada, mas vamos pensar que isso é a fase de adaptação dessa troca.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Primeiro Post

Bem-vindos ao Blog Via Cross-Media. O nome tem a ver com isso mesmo, com a quantidade de meios de comunicação que os conteúdos hoje, são expostos. Essa é a minha primeira postagem. Nunca consegui gostar tanto assim de internet, mas pensei um pouco no futuro e me vi completamente isolada se não me adequasse às exigências da comunicação, afinal, em breve serei jornalista. Se Deus quiser.

No meu primeiro post, vou falar de mídias digitais e tecnologias. Já considerava há algum tempo que a tecnologia era como uma sombra para qualquer indivíduo atualmente. Mas a partir de várias pessoas que conversei, vejo que é mais que uma sombra. Se trata de uma ávida perseguidora. Mesmo para quem não tem nada a ver com comunicação, – profissionalmente falando, claro, afinal, nunca existiu alguém que não tivesse nada a ver com comunicação; tudo é linguagem, certo Peirce? – esta é hoje fator fundamental para o sucesso. Não que antes não fosse, mas hoje, mesmo que ainda não tão valorizada em alguns cantos em termos de remuneração, a comunicação é aliada de todo e qualquer profissional. Você quer ser conhecido? Tenha um blog, um twitter, facebook e qualquer outra rede social que possibilite (se é que tem alguma que não permite) visibilidade. A tecnologia realmente isolou as pessoas se observarmos pelo lado físico, mas conseguiu unir por uma telinha milhares e milhares de pessoas. A questão vai ser sempre buscar se aprofundar. Hoje, se buscarmos na internet futilidades, vamos encontrar lotes de conteúdos. Mas podemos buscar densidade e aprofundamento e vamos encontrar lotes também. Tentei fugir – confesso que por ser meio preguiçosa, mas aos poucos vou me entregando ao bom e facilitador mundo das tecnologias. Primeiro post encerrado.